12.6.12

 

A Mentalidade Demissionista do Ocidente


O oportuno e lúcido comentário de um leitor atento e perspicaz do Alma Lusíada justifica da minha parte uma pequena nota de dilucidação, por tocar num tema – a baixa natalidade dos Europeus, fenómeno concomitante com a progressiva presença muçulmana na Europa, para alguns um novo tipo de colonização – que há anos carece de atenção, mas que inexplicavelmente permanece iludido, afastado do pensamento das actuais elites ocidentais.
As esquerdas fogem destes assuntos como o Diabo da Cruz, concentrando todo o seu potencial de fogo político no ódio ao Capitalismo, que atravessa, na verdade, maus momentos, por culpa própria, tendo-se esquecido dos valores éticos que devem sustentar as sociedades, para que a prosperidade resulte numa melhoria geral da vida dos cidadãos e não se limite a facilitar a acumulação de riqueza nas mãos de uns poucos, dito assim, mesmo prescindindo da crença em utopias igualitárias, que tão tristes memórias nos deixaram, no final do século XX.
As direitas também parecem politicamente cegas para tais temas, com as suas elites demasiado, se não exclusivamente, focadas na obtenção de riqueza, sem curar de quaisquer valores que possam limitar tamanha sofreguidão materialista e hedonista.
Perante estas atitudes, o problema não tem parado de crescer, acabando por levar ao pensamento derrotista, demissionista referido por este meu distinto amigo e leitor, detectado em alguém que, pela sua formação de Militar, deveria manifestar outro tipo de mentalidade, outra postura de carácter, outro propósito de acção.
Está mais que provado que começamos a perder qualquer guerra, quando duvidamos da nossa razão, para irremediavelmente a perdermos, quando admitimos a razão do inimigo.
Queira Deus que me engane, mas, se esta mentalidade demissionista tão disseminada entre nós, portugueses, europeus e ocidentais, em geral, não for combatida, com clarividência e com tenacidade, então só um verdadeiro sobressalto espiritual, não lhe chamando milagre, nos poderá salvar de um funesto e desonroso fim, que será o de sermos desfeiteados por um tipo de civilização, cultura e mentalidade incomparavelmente inferior, que poderá dar início a outro período de trevas, cuja duração é difícil de avaliar, acreditando que haverá ainda caminho de regresso…
Como tarefas prioritárias para prevenir semelhante descalabro, veria o fomento da natalidade, acompanhado do concomitante apoio à família, o reforço dos programas do Ensino Primário e Secundário, nas disciplinas que asseguram a identidade cultural: História, pátria e universal, Língua, pátria e duas outras obrigatórias, inglês e francês, com a aquisição de noções de Latim e de Grego, incorporadas na disciplina de Português, Literatura e Geografia, nacionais e mundiais, além do indispensável ensino da Matemática, que promove o culto do rigor e a disciplina mental, bem como o ensino básico das Ciências, fundado na apreensão do método científico, que comprovadamente favorece o desenvolvimento do raciocínio.
Eis já aqui uma espécie de Programa de salvação geral, mais que nacional, assim houvesse gente capaz de o pôr em prática, em que por certo não se contaria a tal gente de espírito demissionista, autêntica 5.ª coluna do exército inimigo dentro de portas.
Dir-se-á ser isto um plano muito difícil de aplicar, nos dias de hoje. Talvez, mas não impossível e sem se tentar, nunca se saberá da sua exequibilidade. Ideias e valores não faltam, o que não se descortina, de momento, é gente para os encarnar e executar.
Alimentemos, entretanto, a nossa fé em dias melhores e confiemos na regeneração da aturdida Humanidade do tempo presente.
AV_Lisboa, 11 de Junho de 2012

2.6.12

 

Explicação Necessária



Entendo que devo algumas palavras de explicação aos meus prezados leitores e demais frequentadores e visitantes do «Alma Lusíada», pela minha falta de produção bloguística neste último mês.


Sendo esta uma das mais antigas tribunas da blogosfera, prestes a celebrar o seu oitavo aniversário, com produção relativamente constante, ainda que não diária, coisa a que de resto nunca me poderia comprometer, quer por falta de tempo, quer pela exigência que habitualmente me imponho, quanto ao rigor e ao apuro literário dos textos.


Com efeito, sem ter pretensões literárias, a verdade é que sempre pugnei pela escrita correcta, se possível, elegante, sem transigência no rigor do conteúdo, primeiro valor que atribuo naquilo que escrevo, mas também dando importância ao aspecto da forma, que realça e acrescenta mérito ao acto de escrever.


Acresce que nos últimos meses tenho alimentado uma presença no Facebook que algo tem prejudicado a minha actividade bloguística.


A novidade do Facebook aliada à facilidade da participação, especialmente na emissão de opiniões ou de comentários políticos associados à publicação das notícias dos Jornais, com as fotografias alusivas aos factos aí relatados, acaba por solicitar a nossa presença mais assídua naquele espaço, roubando disponibilidade para outras participações, por regra, mais cuidadas, exigindo maior preparação e maior atenção às matérias a tratar.


Assuntos não me faltam, tanto do foro estritamente político, como de um campo mais vasto, como é o constituído pelas matérias culturais, nomeadamente, as relacionadas com a Língua e a Cultura Portuguesas, as minhas preferidas neste espaço.


Tenciono em breve abordar aqui o caso da invasão de Goa e o fim do chamado Estado Português da índia, que recentemente tem suscitado a minha atenção. Apesar de facto antigo, ocorrido a 18 de Dezembro de 1961, julgo haver todo o interesse em repescá-lo para uma discussão séria, sem dormir na comodidade de atribuir culpas inteiras a Salazar e ao seu Regime, ao mesmo tempo que se concede o benefício da compreensão à atitude espalhafatosamente nacionalista do controverso pacifista Nehru e à sua putativa democrática União Indiana.


Analogamente me estimula a escrever alguma coisa a leitura recente de um pequeno livro de Jorge Buescu, sobre a História da Matemática em Portugal. Neste breve ensaio, Jorge Buescu introduz algumas ideias críticas sobre o papel do Marquês de Pombal na sua tradicionalmente exaltada intervenção na modernização do Ensino em Portugal, designadamente no estudo das disciplinas científicas, na reforma da Universidade de Coimbra, etc.


Há muito que julgo necessário desfazer certos equívocos relacionados com a figura de Pombal, que todo o jacobinismo costuma tratar laudatoriamente, ignorando, menosprezando ou mesmo escamoteando a nocividade dos seus métodos, a brutalidade da sanha persecutória com que combateu e suprimiu todos os seus opositores ou simples discordantes do seu despótico arbítrio.


A política quotidiana presente motiva-me menos e sobretudo me falta a paciência para seguir os folhetins do jornal Público sobre as histórias rocambolescas dos nossos Serviços Secretos e das disputas do Ministro Relvas com uma Jornalista daquele jornal, que será tudo menos inocente na demanda, como o azougado Ministro, com traços evidentes da nefasta personalidade do ex-Primeiro Ministro e actual estudante parisiense de Filosofia ou de Política na outrora criteriosa Sorbonne, a dar azo a todo o tipo de suspeições políticas na sua actuação.


Se as Entidades Reguladoras exercessem a sua regular função e nos merecessem a curial confiança restar-nos-ia aguardar que da sua acção investigadora e correctora resultasse o esclarecimento completo destes imbróglios rascas que nada contribuem para a credibilidade das Instituições políticas e administrativas do Estado.


Custa a crer que num País em que predominam tantos preconceitos anti-patrióticos, em que se chega a questionar a necessidade de Forças Armadas, haja tanta apetência pela actividade de espionagem e segurança do Estado, justamente quando este mais se esvanece nas suas prerrogativas de soberania, que já nem para a simples elaboração de um Orçamento Geral se mostra suficiente, carecendo dos beneplácitos de várias entidades estrangeiras.


Estivesse outra gente à cabeça do Estado e já todos esses pretensos Serviços de Espionagem e de Segurança do Estado teriam sido extintos, demitidos os seus titulares, averiguadas as suas responsabilidades criminais, para darem origem a um único Serviço sob a orientação de um Militar competente e determinado em cumprir a missão que lhe fosse atribuída, que para isso os Militares têm especial inclinação, pela natureza da sua vocação, da sua formação profissional e do treino contínuo a que são sujeitos, nas missões que têm de desempenhar ao longo da sua carreira.


E com estas satisfações dadas aos meus mui estimados leitores, por ora termino.


Até Breve.


AV_Lisboa, 01 de Junho de 2012



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